Hospital São Vicente inicia tratamento inovador para pacientes com mieloma múltiplo pelo SUS

O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) iniciou o tratamento de 13 pacientes com mieloma múltiplo com a inovadora terapia Belantamabe mafodotin — uma das mais promissoras atualmente no mundo, mas ainda indisponível comercialmente no Brasil. Globalmente, o mieloma representa cerca de 1% dos cânceres e 10% das neoplasias hematológicas. E, embora ainda incurável, avanços como esse têm ampliado tanto a sobrevida quanto a qualidade de vida dos pacientes. Com essa iniciativa, o HSVP se torna o primeiro hospital público da Paraíba a oferecer essa tecnologia de ponta dentro do SUS, marcando um passo audacioso para a medicina pública estadual.

À frente do programa no hospital está a hematologista Dra. Carolina Rolo, que ressalta a importância da iniciativa: “Receber uma terapia moderna por meio do programa de acesso expandido é um avanço real na luta contra o mieloma. Para os nossos pacientes do SUS, que até hoje viam esses tratamentos apenas como uma possibilidade distante por causa do custo, este é um momento de esperança e transformação — um verdadeiro marco para a hematologia no nosso Estado.”

A droga se diferencia por atuar de forma direcionada contra as células do mieloma, aumentando a chance de resposta mesmo em pacientes que já não respondiam a outros esquemas, além de reduzir os danos às células saudáveis.

Embora ainda não esteja disponível para comercialização no Brasil, o custo do Belantamabe em outros países pode ultrapassar US$ 20 mil por aplicação, valor incompatível com a realidade do SUS. Nesse contexto, estudos internacionais indicam que a droga pode se tornar budget-neutral para os sistemas de saúde — ou seja, o investimento inicial tende a ser compensado pela redução de gastos futuros, como internações prolongadas, complicações e retratamentos.

No HSVP, os pacientes iniciaram o tratamento sob um protocolo rigoroso de acompanhamento, que inclui consultas médicas, exames laboratoriais e avaliações oftalmológicas periódicas, devido ao risco de efeitos adversos oculares. Todo o processo envolve uma equipe multidisciplinar formada por hematologistas, oftalmologista, enfermagem, farmácia clínica, psicologia e assistência social, garantindo não apenas acesso ao medicamento, mas também um cuidado integral e humanizado.

A iniciativa ultrapassa o impacto individual e abre caminho para que outras terapias modernas cheguem ao paciente, reduzindo desigualdades e fortalecendo a inovação na saúde pública. “Nosso desejo é que, em breve, essa e outras terapias inovadoras estejam disponíveis de forma ampla no país”, ressaltou Carolina Rolo.

Com esse movimento, o Hospital São Vicente de Paulo reafirma seu papel como centro de referência em hematologia: unindo inovação, cuidado humano e equidade, elevando a Paraíba na vanguarda de terapias avançadas para o câncer hematológico.