Deputados de PROS, PODE e PSB são os que menos seguem orientações do partido em votações no plenário da Câmara

Os deputados do PROS, do PODE e do PSB foram os que menos seguiram as orientações das lideranças ou dos blocos partidários em votações nominais da Câmara. É o que aponta um levantamento do G1 com os dados de todas as votações nominais na Câmara dos Deputados de 1º de fevereiro a 12 de julho de 2019.

O PROS tem a maior taxa de infidelidade no período: 23,3% dos votos dos deputados da sigla foram diferentes da orientação do líder ou do bloco partidário. Em seguida, PODE e PSB registram taxas de 19,6% e 19,1%, respectivamente.

Taxa de infidelidade na Câmara — Foto: Diana Yukari/G1

Taxa de infidelidade na Câmara — Foto: Diana Yukari/G1

Por outro lado, os partidos Novo, PCdoB e PSOL têm as menores taxas de infidelidade – ou seja, os deputados registram maior disciplina às orientações. No Novo, por exemplo, apenas um voto contrariou a indicação do líder. Os votos corresponderam à orientação em 99,9% (Novo), 97,7% (PCdoB) e 95,9% (PSOL) das situações.

A liderança do PODE diz que o partido “tem uma postura de independência e respeito às peculiaridades regionais de cada parlamentar”. “No entanto, posições e projetos que dizem respeito ao posicionamento nacional do partido, como o caso do Coaf e a reforma da Previdência, votamos 100% juntos.”

Procuradas, as lideranças do PROS e do PSB não se manifestaram.

Alta disciplina

Para a cientista política e pesquisadora do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da FGV-SP Lara Mesquita, a alta disciplina de deputados em relação aos líderes e aos blocos partidários é algo positivo e que ajuda a formar uma base de apoio para governar o país.

“[A Câmara] Não tem cada deputado atuando conforme ele quer. Ele atua de acordo com a orientação partidária. E é por isso que é crível pensar em uma coalizão de governo firmada em termos de apoio ao partido, e não em uma coalizão de governo em que você tenha de negociar com cada parlamentar individualmente”, diz a pesquisadora do Cepesp da FGV-SP.

Lara Mesquita afirma ainda que os líderes partidários têm uma série de prerrogativas, como falar em nome da bancada durante as votações no plenário (ou ceder esse tempo a outro deputado), participar do colégio de líderes (que define semanalmente a pauta de votação) e indicar integrantes para as comissões da Casa.

A pesquisadora lembra ainda que o líder partidário é eleito pelos deputados do partido e, caso o líder tome atitudes que desagradem a bancada, ele pode ser substituído. Para ter um líder partidário, a legenda precisa ter eleito, no mínimo, 5 deputados, segundo o regimento interno da Câmara. Caso esse requisito não tenha sido alcançado, o partido pode formar, junto com outras siglas, um bloco partidário para atuar em conjunto durante a sessão legislativa.

Orientações do governo

O levantamento do G1 analisou também o posicionamento dos deputados de acordo com as orientações do governo. PSOL, PT e PCdoB foram os partidos que tiveram posicionamentos mais divergentes em relação às orientações do Palácio do Planalto.

A bancada do PSOL se manifestou de forma igual ao Planalto em 144 dos 905 votos dos deputados no plenário da Câmara. É a menor taxa de governismo nos seis meses de atividade (15,9%). Em seguida, o PT e o PCdoB registraram, respectivamente, taxas de 18,4% e 22,5%.

As bancadas de PSL, Novo e PSDB têm as maiores taxas de governismo. O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, aderiu às orientações do governo em 94,2% dos votos. Os deputados do Novo votaram com o governo em 90,9% dos votos; o PSDB, em 88,3%.

Taxa de governismo por partido

partidotaxa de governismototal de votos
PSL94,2%5.159
Novo90,9%867
PSDB88,3%2.554
DEM88,1%2.295
MDB88,1%2.880
PL88,0%3.193
PSD87,9%3.158
PP87,2%3.109
PSC86,8%726
Patriota86,8%446
PTB86,4%1.032
PHS85,6%118
PRB85,0%2.727
SD84,7%1.215
PRP83,8%74
Cidadania82,7%721
PODE78,1%852
PMN76,2%206
Avante71,7%619
PTC71,4%21
PROS70,7%849
DC69,2%13
PV58,7%358
PPL52,2%23
Rede40,0%80
PSB39,6%2.983
PDT39,3%2.184
PCdoB22,5%680
PT18,4%4.217
PSOL15,9%905

Fonte: Câmara dos Deputados

Deputados infiéis

O levantamento do G1 também identificou quais foram os deputados federais que menos seguiram as orientações dos partidos ou dos blocos partidários. São eles: Weliton Prado (PROS-MG), Átila Lira (PSB-PI), Rodrigo Coelho (PSB-SC), Felipe Rigoni (PSB-ES) e Boca Aberta (PROS-PR). Todos tiveram mais votos divergentes do que iguais às orientações partidárias.

Deputados mais infiéis aos partidos — Foto: Diana Yukari / G1

Deputados mais infiéis aos partidos — Foto: Diana Yukari / G1

O deputado mais “indisciplinado” é Weliton Prado (PROS-MG). Em 69 votações nominais, ele votou diferente da orientação 46 vezes. A taxa de infidelidade de Prado é de 66,7%. Em nota, a assessoria do deputado afirma que ele tem “independência e coerência na atuação parlamentar, que é voltada para os interesses da população” e que esse compromisso está registrado em cartório desde o primeiro mandato na Câmara.